Para muitas
pessoas, o maior sonho de consumo é o carro. E muitos optam pelo financiamento,
dentre outras opções. Oportunidades e ofertas não faltam: são para todos os
gostos e estão para todos os bolsos.
É comum que a
escolha do modelo se baseie, principalmente, na capacidade de pagamento (“Quero
um carro de 20 ou 30 mil”, por exemplo). Normalmente analisamos apenas se a
prestação cabe no bolso a cada mês.
Raramente pensamos lá na frente, quando o carro estará com 4... 5... 6 anos de uso (e uns 80 mil
km), quando há o risco de se tornarem constantes as visitas ao mecânico.
O que muita
gente não sabe, não parou para pensar (e, de repente, não está nem aí
pra isso, também) é no QUANTO SE PAGA A MAIS.
Você pode até
buscar refúgio no famoso ditado "mais vale um gosto que um vintém no
bolso"! Ok. Beleza. Mas o papo aqui é referente a quanto se paga a mais
num financiamento.
É bem verdade
que, na maioria das vezes, o caminho do parcelamento é o único (ou necessário) meio disponível
para se chegar ao tão sonhado carro, sendo o financiamento uma das formas usuais. Por essa via, já saímos da concessionária com o veículo novo, ao passo que,
no consórcio, é necessário esperar o sorteio ou o resultado do lance.
O ideal,
lógico, é ter o dinheiro (todo ou parte dele) em mãos. E você pode achar que
estou delirando. Como fazer para juntar toda a grana necessária? Ganhar na
loteria? Usar de meios menos honrados? Vou andar a pé, sofrendo, enquanto
economizo?
Nada disso! A
intenção (se é que posso ter a ousadia de assim dizer) é mostrar como não temos
educação financeira! Educação financeira, que fique bem claro!
O que é
educação financeira!? É gastar menos do que se ganha! Não exagerar nos gastos
(já falamos em excessos em Você e suas consequências). É administrar o dinheiro de tal forma
que ele trabalhe para você, e não o contrário!
É necessária
uma mudança de radical no comportamento e que leva tempo para conscientização
e conserto de eventuais estragos já feitos no orçamento. E eu sei muito bem os
efeitos nefastos da gastança. Imagine que você precise de 8 mil reais para
cobrir suas contas e, então, vai ao banco de sua escolha e “resolve” seu
problema ao pegar tal quantia emprestada, cujo pagamento será em parcelas de
517 reais. Ao pagar 3 prestações (3 x 560 = 1.680) você apura que seu saldo
devedor é de..... 7.100!!! 8.000 menos 1.680 é igual a 7.100?!!! É isso mesmo!
Fato real. Os juros, quando estão contra você, fazem estrago considerável.
O exemplo do
carro é apenas para enfatizar os efeitos negativos no decorrer do tempo(já que é um bem de valor elevado) e para
melhor visualização do quanto o poder de compra se esvai, do quanto o dinheiro
perde força.
Vamos fazer
uma análise: você quer comprar ou trocar o carro. Já escolheu qual quer. Mas...
já fez as contas direitinho? Sabe quanto pagará pelo novo hóspede da garagem?
Exemplificando:
suponha que o carro escolhido seja um ano/modelo 2010 e custe R$ 25.000,00[1].
A primeira loja visitada lhe faz uma proposta de 20% (R$ 5.000,00) de entrada e
o restante em 24 parcelas com juros 2,94% ao mês. Isso dá uma prestação de R$ 1.173,19.
Prudentemente você vai a uma segunda loja e obtém proposta diferente: juros de 2,51% ao
mês com “zero” de entrada e prazo de 48 meses. Nesse caso, as parcelas serão de
R$ 901,49 mensais .
Rapidamente
você faz as contas: 1.173,19 menos 901,49 resulta numa economia de R$ 271,70
mensais, certo....? O prazo é mais camarada, os juros são menores...! Esse é
mais indicado, certo....?
APARÊNCIAS
ENGANAM! NÚMEROS NÃO MENTEM!
Faça sempre as
contas na ponta do lápis. Veja:
- 24 prestações x R$ 1.173,19 = R$ 28.156,56 (total das prestações).
- R$ 28.156,56 total pago – R$ 20.000,00 financiados = R$ 8.156,56 de juros.
- (R$ 8.156,56 de juros divididos por R$ 20.000,00 financiados) x 100 = 40,78% de juros totais.
Vejamos,
agora, a proposta que parece ser melhor:
- 48 prestações x R$ 901,49 = R$ 43.271,52 (total das prestações).
- R$ 43.271,52 total pago – R$ 25.000,00 financiados = R$ 18.271,52 de juros.
- (R$ 18.271,52 de juros divididos por R$ 25.000,00 financiados) x 100 = 73,08% de juros totais.
Perceba: na
primeira opção o carro lhe custará R$ 33.156,56 (R$ 5.000,00 de entrada + R$ 28.156,56
nas prestações); na segunda opção, aparentemente mais vantajosa, lhe custará R$
43.271,52 (zero de entrada + R$ 43. 271,52 nas prestações).
LOGO....
... conclui-se
que o ideal é o pagamento à vista, óbvio, mas, não sendo possível, a
melhor escolha deve ser pela maior entrada e pelo financiamento menos longo possíveis.
Mesmo que a taxa de juros não seja muito alta, os juros incidirão uns sobre os
outros de forma cumulativa (juros compostos).
Ademais, pouco
após a conclusão do financiamento, a tendência é trocar por outro. E até lá o
carro valerá perto da metade do que se pagou. Ou seja: pagou-se 33 mil ou 43
mil para o que custava 25 mil e que valerá aproximadamente 15 mil.
A escolha é
sua. Afinal de contas, o dinheiro é seu (ou da financeira).
Se quiser
fazer novas simulações ou mesmo conferir o exemplo dado aqui, veja em http://www.comdinheiro.com.br ou baixe uma planilha (de fácil uso) em http://dinheirama.com/downloads.
[1]
Simulação feita em http://www.aecarros.com.br/financie/index.aspx no dia 02/09/2011 às 23:51 horas.
Acho que o presente paper serviu para mim, embora cada vez mais eu me ligo no desperdício rsrs
ResponderExcluirExcelente alerta!!!
Obrigado, Pedro.
ResponderExcluirÉ necessário conjugar a necessidade com a conscientização para evitar, ao máximo, a perda do poder de compra do salário sem, no entanto, abrir mão do mínimo de conforto que nós e nossa família merecemos.